Marcelo Dutra da Silva

O “G” do ESG das empresas sustentáveis

A governança corporativa, basicamente, representa a forma de organização de uma empresa que reflete seus processos, condutas, princípios e valores. Tem como objetivo garantir alinhamento de interesses entre todos os envolvidos, sejam sócios, gestores e demais partes interessadas, os chamados stakeholders.

Há uma série de boas práticas que podem ser adotadas no negócio, por exemplo, o planejamento estratégico, a implementação de órgãos de gestão e controle, programas de Compliance, além de diretrizes que vão definir a política interna da gestão e orientar a tomada de decisões.

Medidas de governança devem se basear nos princípios da equidade, transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa, que é especialmente relevante no “G” da sigla ESG, já que é ele que fundamenta as obrigações da organização em reduzir as externalidades negativas, ao mesmo tempo que trabalha para garantir a viabilidade financeira do negócio.

A responsabilidade corporativa deve estar pautada pela conduta ética da organização em toda a cadeia produtiva, particularmente considerando as decisões de importância social e de proteção do meio ambiente. Em outras palavras, o impacto social e ambiental que a empresa exerce no seu contexto de influência, direto ou indireto. Ou seja, o impacto da gestão na comunidade em que está inserida e até onde seja possível alcançar, sejam produtos primários, manufaturados, serviços e seus respectivos efeitos.

Quem não lembra do ocorrido no início do ano, no município de Bento Gonçalves, que foi parar no centro de uma operação policial que resgatou cerca de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão. A notícia abriu espaço para uma discussão antiga e ainda auxiliou em outras descobertas parecidas em outras regiões do Estado e do País.

O caso das vinícolas da Serra repercutiu no mundo e ficará marcado como exemplo de prática ruim, ilegal, de abuso humano, com grande impacto negativo, que jamais poderia ter sido admitida, mesmo que por terceiros, na prestação de um serviço, na organização do negócio. Ao que tudo indica, houve negligência e falta de controle interno. Como consequência, pessoas sofreram, as empresas foram multadas e toda cadeia de negócios foi afetada para uma imagem ruim de exploração do trabalho humano.

Empresas, principalmente as que trabalham com mão de obra terceirizada, precisam estar atentas e saber como identificar, rapidamente, condutas criminosas. Do contrário, podem se ver arrastadas para a lama, com prejuízos materiais significativos e de imagem incalculáveis. O “G” do ESG é garantia de proteção do investimento, de que todas as atenções necessárias ao negócio e relacionamentos na cadeia de negócio serão dadas, com o devido cuidado, prestado nos mínimos detalhes.

Na gestão responsável o tradicional, engessado e descomprometido tende a cair em desuso, enquanto programas de compliance e integridade, não obstante, um diferencial de mercado, são elevados a obrigações que qualquer organização empresarial e até mesmo pública precisa incorporar e aprimorar em suas práticas.

Repetindo o que já foi dito inúmeras vezes, inclusive neste espaço, empresas ESG são mais saudáveis; empresas que incorporam melhores práticas no modelo de negócio tornam-se menos vulneráveis às adversidades do mercado; empresas comprometidas com o social e com o meio ambiente são menos suscetíveis a escândalos, multas e prejuízos; empresas que atuam com responsabilidade na gestão têm futuro, já outras não.

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